Há dois anos eu passei por uma ligeira provação, fiquei sem emprego, fui afastado durante seis meses por motivo de doença, despejado do quitinete, e um longo tratamento por causa de um forte declínio ao alcoolismo pelo qual eu estava passando. Sem muitas escolhas e perspectivas passei a morar no antigo canil de um amigo. Sem água e sem luz. Quase a campo aberto, pois faltava uma parede. O asseio e banho eram duas vezes por dia apenas, numa fonte que tem aqui próximo. Estou novamente desempregado, mas muito melhor àqueles dias. Estou estabilizado.
Aos trinta e cinco anos de idade, tenho para onde retornar no fim de cada tarde com ou sem trabalho. Fico muito satisfeito por essa conquista. Não é fácil, mas há de ser perseverante.
É pena que haja alguns contratempo. Por ser uma favela carioca existem desajustes sociais muito maiores que em qualquer outra parte da cidade; as pessoas não respeitam e não há limite para suas ações desregradas: barulho sem hora pré definidas, música alta, invadem os espaços alheios, são mal educadas, no entanto há de se ter um mínimo de compreenção, a falta de conhecimento, a ignorância levam essas pessoas a achar que são certas em suas atitudes porque alguém nunca lhes disse como proceder ante o semelhante, e isso sei que carece de um trabalho de resocialização longo.
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